Antes de mais nada, para que possamos abordar o tema de maior interesse aqui, ou seja, os principais sintomas que indicam que sua empresa pode não ser uma empresa sustentável, é necessário definir o que se entende por empresas sustentáveis.
Apesar de existirem diversas definições, todas com seu mérito por abordar um tema tão importante para as organizações contemporâneas, uma empresa sustentável pode ser definida como aquela que desenvolve ações em três principais grandes áreas: na social, por meio da equidade; na ecológica, por meio da prudência; e, claro, na econômica, por meio da eficiência.
É necessário frisar que uma empresa sustentável não o é somente para atender os desejos e necessidades dos consumidores, cada vez mais preocupados com questões de cunho sustentável, mas também para levar benefícios à própria empresa, pois, mesmo que a prática de ações sustentáveis represente maiores custos no curto prazo, trata-se de investimentos capazes de trazer benefícios das mais diversas naturezas no médio e longo prazo. Assim, assegura a sobrevivência e crescimento da empresa em um mercado cada vez mais competitivo e baseado na inovação, que só é conquistada por meio do uso estratégico da informação.
Feito esse importante parênteses, podemos partir para o assunto que verdadeiramente interessa, isto é, os principais sintomas que permitem um diagnóstico da (não) prática da sustentabilidade na sua empresa, bem como insights para que você possa reverter o quadro. Vamos a eles:
Colaboradores insatisfeitos
Apesar de bastante subjetivo, no dia a dia de trabalho dentro da empresa, o nível de satisfação dos colaboradores pode ser claramente percebido, quer por meio de ações informais, como uma simples conversa de corredor, quer por meio de técnicas mais formais, como indicadores de desempenho e produtividade.
Muitos empresários se esquecem que os colaboradores também fazem parte do público da empresa e, enquanto tal, possuem desejos, necessidades e princípios que devem ser levados em conta para que entreguem os resultados esperados. As ações de sustentabilidade são algumas dentre as principais fontes de satisfação dessas necessidades.
Dificuldade em inovar
Diferente de poucos anos atrás, quando a principal fonte de vantagens competitivas residia na redução de custos e tempo dos processos de manufatura no caso de produtos e de agilidade na prestação de serviços, hoje, a maior fonte de vantagens competitivas está na entrega de produtos e serviços inovadores.
É aqui que entra a grande diferença: a inovação só pode ser criada por pessoas (o que remete a importância do primeiro ponto), pois são as pessoas que irão realizar a busca, seleção, processamento e transformação das informações em conhecimento, resultando nas inovações.
Assim, para que a inovação ocorra, é necessário que haja um ambiente organizacional favorável para tanto, mas não é isso que ocorre na grande maioria das empresas, que ainda estão presas a hábitos e práticas que não se enquadram no mercado contemporâneo. Este ponto indica que é necessário refletir e criar as bases para o desenvolvimento de uma cultura organizacional verdadeiramente voltada à inovação.
Imagem empresarial prejudicada
Se os colaboradores, que compõem o público interno da empresa, são de extrema importância para as empresas, o mesmo pode ser dito do público externo, pois é nele que reside todo o propósito da organização.
Assim, a percepção que os clientes e a comunidade como um todo têm da empresa é um importante indicativo da sustentabilidade, entendida em um sentido mais amplo.
Neste sentido, as ações em sustentabilidade desempenhadas podem, sim, ser vistas como uma ferramenta de marketing, de promoção da imagem da organização, mas esse nunca deve ser o propósito exclusivo delas. Mesmo que surtam efeitos no curto prazo, no médio prazo dificilmente trarão alguma vantagem, acarretando em custos e até mesmo em percepção negativa da imagem da empresa.
Isso significa que a empresa não deve ser percebida pelo público externo como uma organização isolada cujo principal objetivo é o lucro a qualquer custo, mas, sim, como um elo de uma extensa cadeia, que leva em conta todos os outros elos e a comunidade em que está instalada.
Aumento de custos
Como já afirmado no início do artigo, mesmo que as práticas sustentáveis, seja na esfera econômica, social ou ambiental, gerem custos para serem implementadas, depois de um período de tempo relativamente curto, esse custo passa a se transformar em ganhos das mais diversas naturezas.
Além disso, a grande vantagem desse sintoma é que se trata de algo palpável, ou seja, o aumento de custos pode ser sentido de maneira direta e clara.
Como exemplo, podemos citar os custos com energia, que naturalmente aumentam devido a necessidade de infraestrutura computacional. No entanto, atitudes simples podem ajudar a reduzir esses custos, como aproveitamento do máximo de eficiência possível dos servidores e desligamento dos computadores quando não estão em utilização, pois mesmo em modo de espera acionam o cooler para que não haja aumento de temperatura. O mesmo vale para o uso de água, de materiais, do descarte correto de resíduos, dentre diversos outros pontos.
Desvalorização de ações e ativos
Grandes empresas, que negociam suas ações na bolsa de valores, têm muito a perder quando são empresas não sustentáveis. Segundo pesquisa realizada pelo Institute for Sustainable Investing (Instituto de Investimento Sustentável) sobre o perfil dos investidores atuais, 71% da amostragem da pesquisa se disse interessada em investir em empresas sustentáveis, enquanto 54% consideram que investir nessas empresas traz maiores ganhos. Isso demonstra o quanto é importante a adoção e, consequentemente, percepção, de práticas sustentáveis nas empresas, pois, caso contrário, certamente haverá queda no preço das ações negociadas.
Em empresas menores, que não têm suas ações negociadas na bolsa de valores, essa premissa também é válida, pois a desvalorização também é sentida diretamente no volume de vendas e serviços, mesmo que o preço seja mais baixo quando comparado à concorrência, pois o consumidor considera diversos outros fatores no momento de tomar sua decisão de compra.
Por fim, vale frisar que os pontos destacados acima são apenas alguns dos muitos sintomas que fazem uma empresa não ser sustentável. Leve-os em conta no momento de fazer o diagnóstico de sua empresa, pois eles são vitais para estabelecer políticas e diretrizes de sustentabilidade empresarial e elevar sua empresa a outro patamar.