Você já conhece as vantagens de praticar a sustentabilidade empresarial?
Peter Drucker, tido como um dos maiores pensadores sobre a administração como um todo e os desafios impostos à tarefa de gestão no mundo contemporâneo, caracterizado entre outras coisas pela presença constante da incerteza, defende que hoje não vivemos apenas em uma sociedade da informação, mas também uma sociedade da organização – à medida que a função de qualquer organização, da iniciativa pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, é a reunião de sujeitos com conhecimentos especializados para a realização de determinadas tarefas.
Seguindo essa linha de raciocínio, o autor chama atenção para o que nomeou de “tendências estruturais”, ou seja, tendências que podem ser encontradas nas estruturas que fazem parte da vida cotidiana, a exemplo da economia.
No entanto, a novidade está na maneira que enxerga o surgimento dessas tendências, afirmando por exemplo que o computador não surgiu por ele mesmo ou por uma oportunidade de lucro, mas sim pela crescente importância do tratamento da informação nos mais diversos tipos de organizações.
Adotando essa linha de pensamento, podemos considerar a sustentabilidade empresarial como uma tendência estrutural de grande impacto.
O conceito de sustentabilidade empresarial
Dito de maneira bastante simples, a sustentabilidade empresarial corresponde a um conjunto de boas práticas e políticas voltadas especificamente à melhoria dos processos ou minimização dos danos causados pela atividade empresarial, por exemplo, à esfera ambiental, justamente pelo nome que recebe, costuma ser associada exclusivamente ao meio ambiente, o que constitui um equívoco, uma vez que ela também possui uma frente social, pois as consequências ambientais têm impactos diretos na esfera social, e vice-versa.
Por esta definição, podemos começar a entender porque o conceito de tendência estrutural foi evocado no início do artigo, pois não se trata de uma política que surgiu de forma espontânea dentro das organizações, mas sim pela pressão, mesmo que de forma indireta, dos clientes (que não devem ser restritos somente àqueles de que fato consomem determinado produto ou serviço), que, cada vez mais antenados devido à facilidade de acesso e compartilhamento da informação, reconhecem a necessidade da sustentabilidade ambiental e tendem a se inclinar em direção à organizações que a praticam.
Isso tanto é verdadeiro que a própria Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) criou o chamado Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), cujo principal objetivo é informar aos investidores quais empresas estão adotando politicas neste sentido, para que os mesmos possam fazer comparações, análises e tomar a melhor escolha sobre em quais ativos ou organizações devem investir.
Benefícios da implementação da sustentabilidade empresarial
A sustentabilidade empresarial é caracterizada por 5 principais pilares: as já mencionadas sustentabilidades ambiental e social, a econômica, espacial e cultural.
Dessa maneira, todas as ações desenvolvidas no sentido de tornar a empresa verdadeiramente sustentável devem levar um ou mais desses pilares em consideração, pois é por meio deles que os benefícios futuros serão colhidos, seja no curto, médio ou longo prazo.
Dentre os principais benefícios de tornar sua empresa sustentável, podemos destacar:
Fortalecimento da marca
Melhoria da imagem da marca e dos produtos e serviços por parte dos clientes e da comunidade como um todo, e nesse sentido, a sustentabilidade empresarial serve como uma ferramenta de marketing para auxiliar a impulsionar a imagem positiva da organização, desde que utilizada com ética, um dos valores mais fundamentais e, no entanto, mais escassos do mundo atual.
Maior satisfação dos colaboradores
Muitas empresas se preocupam de forma excessiva com os consumidores e acabam se esquecendo que os próprios colaboradores também são clientes. Por isso, promover ações que permitam a melhoria do clima organizacional por meio de relacionamentos saudáveis e da satisfação pessoal é fundamental, pois toda organização é constituída de pessoas, que são mais felizes e produzem mais quando estão satisfeitas com o local de trabalho.
Economia financeira
O imediatismo em colher bons resultados faz com que muitas oportunidades extremamente benéficas para as empresas sejam desperdiçadas.
É inegável que se tornar uma empresa sustentável pode gerar um custo mais alto no curto prazo, mas no médio e longo prazo esse custo certamente se transformará em lucros.
Como exemplo, podemos citar a instalação de sistemas de produção de energia fotovoltaica, que utilizam o calor do sol para a produção energética. Ainda que apresentem custo elevado, tratam-se de sistemas cuja quitação ocorre em poucos anos após a aquisição, têm grande vida útil (alguns ultrapassam os 50 anos) e permitem que as empresas sejam energeticamente suficientes, podendo inclusive transpor o excedente de energia para a rede pública e obter diversos benefícios (inclusive de natureza fiscal) por isso.
Maior aceitação de diversidades
Nos últimos anos, o mundo como um todo tem caminhado em direção a uma onda de conservadorismo – não tomado no sentido político aqui, pois isso seria um ato de ferir a própria diversidade – que já está instalada em diversas partes do mundo, gerando casos inaceitáveis de abuso e exclusão de pessoas com os mais diferentes tipos de características e backgrounds.
Embora não seja papel primário das organizações conscientizar as pessoas para a reversão deste quadro, ser empresarialmente sustentável significa também adotar essa premissa e implementar ações que auxiliem na busca por sociedades verdadeiramente igualitaristas e que não façam exclusão ou cometam abuso por qualquer tipo de característica que seja, pois já está provado que a diversidade só enriquece as pessoas, as organizações, as culturas e os demais sistemas criados pelo homem.
Cabe ressaltar dois principais pontos:
O primeiro deles é que é impossível não causar algum tipo de dano no desenvolvimento de atividades, afinal para a produção de bens tangíveis, incluindo aqueles que possibilitam o acesso a bens intangíveis, é necessário matéria-prima, encontrada e extraída da natureza. Mas com ações bem planejadas e desenvolvidas segundo normas de sustentabilidade, os impactos podem ser minimizados de forma considerável, levando à compensação.
O segundo ponto, no qual não custa insistir, é que a sustentabilidade empresarial deve ser tomada como uma verdadeira política empresarial para que as ações surtam os efeitos desejados.
Utilizá-la puramente como uma forma de marketing pode até acarretar em benefícios a curto prazo, mas eles certamente não se manterão e têm pleno potencial para estragar a imagem que os clientes fazem da empresa ao invés de auxiliar na construção de uma marca reconhecida e respeitada.